Segundo o testemunho da D. Fernanda Correia, pelo menos desde o final da década de 40, os bebés do Bairro Chinês nasciam em casa com o apoio da Tia Maria Rosa. A parteira do Bairro Chinês tinha já uma idade avançada, mas estava sempre de serviço.
As pessoas tinham as crianças em casa. Ela trabalhava com um médico que era o Dr. Roque, que era de crianças e trabalhava cá em baixo ao pé da farmácia. Era a única farmácia de Marvila que havia, era o Sr. Miguel. Ele morava por cima e ele ensinou-a, e ela, pronto, quando havia as mulheres para terem os bebés, lá ia a tia Maria Rosa, lá íamos nós a correr, “ó tia Maria Rosa venha lá depressa a casa que está a nascer o bebé” e ela vinha. Portanto era a parteira, era a parteira do bairro.
Corria tudo bem, se houvesse algum problema ia o Dr. Roque, ele vinha logo.
Era muito antiga, ela era uma senhora já de idade, bastante idade. Eu nasci em 48, foi ela, ela já foi minha parteira.
Se houvesse alguma coisa de saúde iamos ao hospital de São José. Era a única coisa que havia. Tínhamos o Dr. Roque, esse senhor era um salva-vidas, estava sempre de serviço. E tínhamos o Sr. Miguel que era o senhor da farmácia, que era tão bom como ele, que era uma pessoa impecável, sabia tudo e nós não tínhamos problemas nenhuns, qualquer hora da noite a gente telefonava e ele tinha a farmácia, a gente ia lá ter à farmácia e ele dava o medicamento.
Extrato da entrevista realizada em novembro de 2019 na Biblioteca de Marvila.