A D. Silvana Gordo contou-nos que tinha uma família para além da sua. Essa família reunia-se na Tuna Chelense, que era uma colectividade gerida pelos sócios. Era nesse local que se juntavam e faziam passagens de ano, bailes e também a comemoração do Carnaval. Era uma festa muito apreciada e muito divertida como podem verificar no excerto transcrito.

A Tuna Chelense era uma coletividade gerida por sócios. Nós passávamos lá a vida, fazíamos passagens de anos, fazíamos os anos das pessoas, fazíamos bailes todos os fins-de-semana, fazíamos carnaval, era de manha à noite, cada família levava qualquer coisa, que tudo comia, pronto, tudo bebia. Depois começaram a fazer atividades como por exemplo o Karaté, (…) quero dizer, depois começaram a entrar miúdos dali da zona, uma outra família, porque onde eles iam, íamos nós também.

Fazíamos muito os Santos Populares, nós próprios com os miúdos lá na tuna, mascarávamos os miúdos de, de como se fosse as Marchas e fazíamos com eles grandes atividades. No Carnaval tínhamos a preocupação, ai isso era muito giro, no Carnaval, a preocupação de mascararmos os homens de mulheres e depois fazíamos o enterro do Carnaval. E então em que é que consistia o enterro do Carnaval? Metíamos um no caixão que era sempre o mártir, era sempre o mesmo ,e vínhamos até Xabregas com ele numa caixa, tudo a chorar, fazíamos de viúvas, depois quando chegávamos novamente à tuna, deitávamos-lhe um balde com uma mistura para cima e ele coitadinho estava sempre à espera é que a gente lhe desse alguma coisa… mas era uma tradição que a gente tinha e que a gente mantinha e que mantivemos aquilo muitos anos..tudo muito familiar.