Extrato da entrevista realizada a 07/11/2019, na Biblioteca de Marvila

Sobre as funções sociais desempenhadas pela Coletividade 3 de Agosto:
Naquele tempo as pessoas não tinham casa de banho, naquele tempo só se tomava banho uma vez por semana. E então ao sábado vinha a maioria dos sócios, até vinha muita gente do Bairro Chinês, lá então é que não tinham mesmo casas de banho a maior parte deles. Ora bem, nós fizemos lá um balneário em que pagavam 25 tostões pelo banho. E então ao sábado era um corrupio, de terem de estar à espera para tomar banho.
Quando começou a haver televisão, as pessoas que não tinham televisão era para lá que iam ver televisão. A televisão estava lá num palco e depois estava lá um pratinho e então a gente punha lá 5 tostões ou 10 tostões para ajudar à eletricidade. Ninguém tinha dinheiro para comprar televisão, ninguém, quer dizer, a grande maioria.
O telefone a mesma coisa. As pessoas para telefonarem iam lá… Lembro-me perfeitamente, o telefone estava à entrada da Coletividade do lado esquerdo num sítio que não era muito, muito… privado. E havia pessoas que estavam ali a falar e depois às vezes “- É pá, menos barulho que eu quero estar aqui a falar!” E então a gente acabou por meter o telefone dentro do gabinete da direção para as pessoas telefonarem lá.
O 3 de Agosto chegou a ter lá um género de um dispensário, ou seja, ia lá uma enfermeira dar injeções, ia lá duas ou três vezes por semana, no gabinete da direção. Não tinha condições, mas era no gabinete da direção. Teve um aspeto social muito grande, e recreativo, o 3 de Agosto. O 3 de agosto e as outras coletividades, umas mais outras menos, mas tinham.